Na sexta-feira, 24.04.2015,
aconteceu no espaço do estacionamento do estádio, o show da banda KISS – hard rock
internacional. A imprensa anunciou a previsão de que 40.000 pessoas estariam no
show. Em tempo, não fui ao show.
No dia 21.04.2015 o maestro Jorge Antunes publicou
em seu feice um texto em que tece considerações sobre o show e sobre quem dele
participa. Publicou inclusive um poema: “KISS EM BRASÍLIA“, segundo ele
dedicados aos “40 mil babacas”, isto é, as pessoas que estariam no show.
O poema não me seduziu enquanto tal. O que me parece é que, quem cria um
poema, suprema arte de dizer coisas que nos enchem a alma, ao invés de
contrapor-se ao que tematiza em sua expressão artística, pode apenas estar “adorando
pelo avesso”, como já o disse Chico Buarque, este sim bem mais versado em versos.
O que realmente me
surpreende foi ver em alguém ligado a arte, especialmente à música que, segundo
Kalil Gibran, “afina o espírito”, tamanho sectarismo.
E a surpresa não vem apenas
do sectarismo partir de quem partiu, uma pessoa dedicada a arte, o que, aliás,
o faz com competência e qualidade. E que já demonstrou seu compromisso com
valores democráticos quando fez a “sinfonia das diretas”, fazendo do barulho
das buzinas um grito por liberdade e democracia.
Ocorre que o sectarismo,
especialmente nestes tempos de radicalismo e intolerância, anda solto por aí e
espera apenas uma brecha para se manifestar. E isso pode ser visto já nos
comentários feitos à publicação do maestro:
“É
triste ver um músico clássico atacar o rock and roll. Melhor seria se
investisse contra a música de corno(sertanejo) ou a música de bandido(funk) que
não nada acrescentam e que infestam a nossa cidade. Nota zero p/ seu arremedo
de poema, maestro!”
É claro que o próprio Jorge Antunes repudiou
esse sectarismo, mas ele mesmo iniciou a ciranda sectária com o seu comentário.
É sempre bom lembrar uma advertência
de Pepeu Gomes, em sua legítima defesa do uso do baseado: “... o mal é o que
sai da boca do homem”. Na verdade vos digo, essa advertência é mais antiga! Pepeu, como todo bom menino, deve ter visto no
catecismo a mesma advertência contida na bíblia, em Mateus 15:11: “ Não é o que
entra pela boca o que torna o homem impuro, mas o que sai da boca, isto sim
torna o homem impuro”. São palavras atribuídas a Jesus.
“É claro que, sem tomar a
radicalidade bíblica como parâmetro, o que disse o maestro não o torna” impuro”,
mas deixa claro que somos responsáveis pelo que dizemos, e publicamos... Na
verdade, nunca podemos imaginar até quando e onde vai a influência dos nossos atos e palavras.
Mas para que a discussão não tome o
caráter religioso, quero lembrar uma sabedoria antiga, ouvida dos mais velhos
desde a infância: “a esperteza, quando é demais, engole o esperto”.
Parodiando, e para finalizar, digo ao
maestro:
Cuidado amigo, pois o que a KISS se faz, a KISS
se paga.