Escrever é, como já o
disse Drummond, lutar com a palavra. E o encantamento de ter um “blog”, onde
posso dizer a minha palavra, quantas quiser, sobre o que me der na telha, logo
se depara com essa luta, cotidiana, insana, contra a qual corro o risco de perder
mais do que ganhar.
Apesar da luta não posso
esquecer que a palavra talvez seja a principal diferença entre nós,
homens/mulheres e os demais habitantes do planeta.
Num momento da vida do
país, onde o ódio manifesta-se cotidianamente, especialmente na política, quero
trazer à tona um texto de um político já falecido, Artur da Távola, senador
pelo PSDB-RJ, que foi um dos críticos que sempre procurava, mais do que fazer
juízo de valor sobre uma obra, mostrar a sua beleza, a importância que teve no
momento de seu aparecimento, o contexto em que surgiu, o que trouxe de novo ao
cenário artístico/cultural.
Vejam o texto:
Feliçar
(Arthur da Távola)
Sou eu que faço você sofrer?
Ou é você que sofre por minha causa?
Ou, ainda, é você que sofre por sua própria causa?
Chegar a essa pergunta (leva anos e anos) e é essencial na relação do amor.
Ou é você que sofre por minha causa?
Ou, ainda, é você que sofre por sua própria causa?
Chegar a essa pergunta (leva anos e anos) e é essencial na relação do amor.
A resposta demandará muito
tempo, sofrimento e, em cada caso, será diferente. Mas, se encontrada,
melhorará qualquer relação. Ou constatará o seu término.
Proponho, como exercício, uma atitude de troca. Onde se lê sofrer, leia-se feliçar (eu feliço, tu feliças, ele feliça, nós feliçamos, vós feliçais, eles feliçam).
Por que felicidade não tem verbo?
A pergunta então ficaria: Sou eu que faço você feliz, ou é você que feliça por minha causa?
Curiosa e masoquista a vida. O verbo sofrer é complicado.
Feliçar é simples. Por que a gente prefere conjugar o sofrer?
Proponho, como exercício, uma atitude de troca. Onde se lê sofrer, leia-se feliçar (eu feliço, tu feliças, ele feliça, nós feliçamos, vós feliçais, eles feliçam).
Por que felicidade não tem verbo?
A pergunta então ficaria: Sou eu que faço você feliz, ou é você que feliça por minha causa?
Curiosa e masoquista a vida. O verbo sofrer é complicado.
Feliçar é simples. Por que a gente prefere conjugar o sofrer?
O texto me parece oportuno
pois hoje, se abrirmos os jornais ou ligarmos a TV, só vemos tregédias,
sejam reais ou imaginadas/ desejadas por alguns.
Especialmente para os que
têm dificuldade de aceitar as realidades da vida (o resultado da última eleição
presidencial, por exemplo) leiam e pensem!
Será que não podemos
“feliçar” mais do que sofrer?
Afinal, o “ser
desejante” da psicanálise só quer ser feliz.
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