segunda-feira, 27 de abril de 2015

SOBRE A INTOLERÂNCIA: O QUE A KISS SE FAZ A KISS SE PAGA

Na sexta-feira, 24.04.2015, aconteceu no espaço do estacionamento do estádio, o show da banda KISS – hard rock internacional. A imprensa anunciou a previsão de que 40.000 pessoas estariam no show. Em tempo, não fui ao show.

No dia 21.04.2015 o maestro Jorge Antunes publicou em seu feice um texto em que tece considerações sobre o show e sobre quem dele participa. Publicou inclusive um poema: “KISS EM BRASÍLIA“, segundo ele dedicados aos “40 mil babacas”, isto é, as pessoas que estariam no show.
O poema não me seduziu enquanto tal. O que me parece é que, quem cria um poema, suprema arte de dizer coisas que nos enchem a alma, ao invés de contrapor-se ao que tematiza em sua expressão artística, pode apenas estar “adorando pelo avesso”, como já o disse Chico Buarque, este sim bem mais versado em versos.
O que realmente me surpreende foi ver em alguém ligado a arte, especialmente à música que, segundo Kalil Gibran, “afina o espírito”, tamanho sectarismo.

E a surpresa não vem apenas do sectarismo partir de quem partiu, uma pessoa dedicada a arte, o que, aliás, o faz com competência e qualidade. E que já demonstrou seu compromisso com valores democráticos quando fez a “sinfonia das diretas”, fazendo do barulho das buzinas um grito por liberdade e democracia.

Ocorre que o sectarismo, especialmente nestes tempos de radicalismo e intolerância, anda solto por aí e espera apenas uma brecha para se manifestar. E isso pode ser visto já nos comentários feitos à publicação do maestro:

 “É triste ver um músico clássico atacar o rock and roll. Melhor seria se investisse contra a música de corno(sertanejo) ou a música de bandido(funk) que não nada acrescentam e que infestam a nossa cidade. Nota zero p/ seu arremedo de poema, maestro!”

É claro que o próprio Jorge Antunes repudiou esse sectarismo, mas ele mesmo iniciou a ciranda sectária com o seu comentário.

É sempre bom lembrar uma advertência de Pepeu Gomes, em sua legítima defesa do uso do baseado: “... o mal é o que sai da boca do homem”. Na verdade vos digo, essa advertência é mais antiga!  Pepeu, como todo bom menino, deve ter visto no catecismo a mesma advertência contida na bíblia, em Mateus 15:11: “ Não é o que entra pela boca o que torna o homem impuro, mas o que sai da boca, isto sim torna o homem impuro”. São palavras atribuídas a Jesus.

“É claro que, sem tomar a radicalidade bíblica como parâmetro, o que disse o maestro não o torna” impuro”, mas deixa claro que somos responsáveis pelo que dizemos, e publicamos... Na verdade, nunca podemos imaginar até quando e onde  vai a influência dos nossos atos e palavras.

Mas para que a discussão não tome o caráter religioso, quero lembrar uma sabedoria antiga, ouvida dos mais velhos desde a infância: “a esperteza, quando é demais, engole o esperto”.
Parodiando, e para finalizar, digo ao maestro:


 Cuidado amigo, pois o que a KISS se faz, a KISS se paga.

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